15 de outubro de 2012

A MICROSOFT CAUSOU UM GRANDE MAL À HUMANIDADE – MAS AINDA PODE SE REDIMIR




A Microsoft foi a grande responsável pela popularização dos computadores pessoais em todo o mundo. Uns falam da IBM, outros da Apple, mas não tem pra ninguém; foi Bill Gates com seu Windows que pegou na mão do cidadão comum e o apresentou às maravilhas da informática.


Isso lá no começo dos anos 90.

Só que isso foi um erro. Um erro da Microsoft e das outras empresas de tecnologia da época, que deveriam ter sido mais competentes e capazes de fornecer um produto melhor que o Windows. Ou minimamente competitivo. Ou que simplesmente funcione direito. Só.

Mas não foi isso que ocorreu. E o que houve? Todo mundo comprou o Windows (era o que tinha) e ele se tornou o padrão do mercado.

Daí tudo (tudo!) relacionado a processamento de sons e/ou imagens, pra parecer familiar aos olhos do usuário, ficou parecido com o Windows. Tudo.

O problema é que o Windows é um sistema ruim, feito a partir de uma concepção errada de que tudo deve ser customizável e adaptável. O resultado é essa colcha de retalhos, repleta de improvisos, em que os programas são capengas, funcionam de forma imprevisível e os dados são amontoados de qualquer jeito.
 
Exportar o padrão Windows para outros dispositivos, logicamente, fez com que esses aparelhos passassem a apresentar os mesmos vícios & defeitos.

Quer ter internet no computador? Instale e configure o modem. Quer um drive? Instale, configure e baixe as certificações necessárias. Quer ter wi-fi em casa? Configure a rede, instale o roteador e atualize o sistema. Impressora? Instale o dispositivo e o programinha inútil cheio de figurinhas que vem com ele e faça a certificação online da garantia. Quer plugar sua máquina fotográfica digital pra guardar suas fotos? Instale os drivers da câmera e reze pra ser compatível com a versão atual do seu sistema. Quer usar um mísero pen-drive? Idem acima.

O resultado: Qualquer tarefa que você for fazer diante de um computador virou uma guerra perdida contra o tempo. A velocidade de processamento prometida pela informática passou a ser compensada, com folga, pelo desperdício de horas que você passa convencendo a máquina a fazer aquilo que você tá pedindo que ela faça.

Mas a praga devoradora de horas não ficou restrita aos PCs e seus periféricos. Ela se alastrou para outros eletroeletrônicos e agora celulares, vídeo-games, aparelhos de música, TVs e outros passaram a lhe exigir tempo para formatar, verificar, padronizar, certificar, etc. Igualmente, todos passaram a apresentar os vícios do velho Windows.

Você quer falar com alguém pelo celular? Precisa antes customizá-lo. Quer jogar um game pra se distrair? Tem que configurar ou carregar as suas pré-configurações. Tá afim de ouvir música? Antes, você deve verificar as atualizações do seu player. E colocar aquele filminho legal pra rodar na TV? Confira se o codec de áudio e vídeo é compatível com o aparelho.

Ou seja, exatamente todo aquele tempo que você perde quando está no computador, esperando ele carregar as benditas atualizações, configurações, etc., agora também será perdido quando você estiver diante de um eletroeletrônico qualquer.

Eu imagino o sadismo das pessoas responsáveis por isso.


Ahá! Esse idiota quer se comunicar com alguém ou se distrair? Pois ele terá que dar boot em tudo, atualizar sempre que for usar o aparelho e carregar todas as configurações pré-definidas só para ligá-lo. Ainda não conseguimos fazer o cretino passar por isso quando ele abre a torneira ou acende a lâmpada, mas a gente chega lá. Chegaremos ao dia em que pra cortar um pedaço de pão o pobre coitado precisará configurar a faca, instalar o driver do cabo, customizar a lâmina e realizar a certificação digital da fatia antes de passar a manteiga (desde que, lógico, esta seja compatível com o formato do arquivo fatia.pao)”.


O Windows ser ruim é um problema mesmo. Só que o problema maior é que nos acostumamos com sua ruindade. Todo mundo toma esse padrão xexelento como normal, uma fatalidade inescapável, e tenta conviver com isso.

Só que esse conformismo é perigoso. Não é normal um produto que custa centenas ou milhares de reais não funcionar direito. Não é normal. Não pode ser normal. Não por esse preço.

Vamos brincar de matemática. Some o preço de cada um dos itens que eu citei lá em cima. Computador, impressora, vídeo-game, televisão, celular, aparelho de som, câmera, etc. O resultado dá vários milhares de reais. Daria pra comprar um carro com esse valor. Um carro! Uma tecnologia quase ancestral hoje em dia, mas concebido em uma época em que produtos eram feitos pra funcionar direito.

Quer comparar?

Imagine você lá, guiando tranquilamente seu carro numa estrada, a 100 km/h, daí você toma uma fechada de alguém e ao pisar no freio aparece no para-brisa a mensagem “Esse dispositivo executou uma ação inesperada e seu funcionamento será interrompido. Enviar relatório de erros? [SIM] ou [NÃO]”. Deve ser emocionante.

Por isso que digo que a Microsoft casou um mal à humanidade. É uma empresa que incutiu na cabeça de todo mundo que ser medíocre é OK, que não tem problema conceber produtos ruins e que não funcionem.

Mas acho que tem como a Microsoft se redimir, ao menos em parte, por todo esse mal. Basta que nas próximas versões do Power Point ela limite o número de caracteres por slide. Digamos, 140 caracteres por slide, já que todo mundo tá acostumando com padrão do Twitter mesmo. Isso não resolveria os problemas da humanidade, mas seria um bom começo. Eliminaria aquelas apresentações horrorosas em que o palestrante fica de costas pra plateia lendo o texto que sai do projetor.

Bill Gates, agora é contigo!

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